O acúmulo de gordura no fígado, também conhecido como esteatose hepática, ocorre quando as células desse órgão são infiltradas por partículas de gordura, devendo o tratamento ser iniciado quando 5% ou mais do órgão for acometido.
Quando não tratada, a esteatose hepática pode evoluir, em médio e/ou longo prazo, para uma inflamação que culmina em doenças mais graves, como hepatite gordurosa, cirrose hepática e câncer de fígado, podendo desencadear também doenças cardiometabólicas. Diversos fatores estão relacionados ao acúmulo de gordura intra-hepática, como o acúmulo de triglicérides no fígado e lipogênese, além da obesidade e do consumo excessivo de calorias. Atualmente, existem duas classificações para esteatose hepática: alcoólica, ocasionada pelo consumo excessivo de álcool, e não alcoólica, provocada por hábitos de vida inadequados.
De acordo com a literatura, o quadro de esteatose hepática é completamente passível de ser revertido a partir da mudança do estilo de vida, fato este que inclui a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis. Ademais, estudos sobre a suplementação com ômega-3 apontam para resultados relevantes acerca da reversão do quadro da doença, sobretudo, da vertente não alcoólica. A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) causa, além do acúmulo de gordura no fígado, elevação das enzimas hepáticas e alteração da função hepática. Em países industrializados, estima-se que 30% das pessoas sofram com a DHGNA.
A World Gastroenterology Organization (WHO) (2012) sugere que a redução em 25% das calorias consumidas na dieta, a diminuição da ingestão de frutose e gorduras trans e o aumento no consumo de ácidos graxos ômega-3 possa melhorar o quadro de esteatose hepática. Estudos preliminares apontam que a suplementação oral de 1g/dia com óleo de peixe, ao longo de um ano, foi capaz de reduzir os triglicerídeos plasmáticos, as enzimas hepáticas, a glicemia de jejum e o grau de esteatose hepática. Um trabalho mais recente (SPOONER; JUMP, 2019) analisou metanálises e ensaios clínicos que utilizaram a suplementação de ômega-3 na diminuição da DHGNA de grau leve em adultos e crianças. Entre as considerações do estudo, os autores destacaram que indivíduos com esteatose hepática tendem a apresentar elevada concentração de gordura hepática saturada e monoinsaturada e baixo teor de ácidos graxos poli-insaturados. Portanto, a suplementação da dieta com DHA isoladamente ou de forma combinada ao EPA mostrou-se capaz de reduzir a gordura hepática de pacientes com DHGNA.
Em vista das publicações sobre o tema, o nutricionista tem, na suplementação com ômega-3, uma ferramenta clínica importante para modular a esteatose hepática, sobretudo, de base não alcoólica e grau leve, resultando na melhora dos sintomas e na redução da deposição de gordura no fígado.
Referências
CLERC, P. et al. Omega-3 for nonalcoholic fatty liver disease in children. Canadian Family Physician, v. 65, n. 1, p. 34-8, jan., 2019.
KHADGE, S. et al. Dietary omega-3 and omega-6 polyunsaturated fatty acids modulate hepatic pathology. The Journal of nutritional biochemistry, v. 52, p. 92-102, fev., 2018.
MS – Ministério da Saúde. Esteatose hepática (gordura no fígado): causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção.
Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/esteatose-hepatica>.
Acesso em: 23 maio 2019.
SCHEIDT, L. et al. Nutrição na doença hepática gordurosa não alcoólica e síndrome metabólica: uma revisão integrativa. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, v. 22, n. 2, p. 129-38, maio 2018.
SPOONER, M.H.; JUMP, D.B. Omega-3 fatty acids and nonalcoholic fatty liver disease in adults and children: where do we stand?. Current Opinion in Clinical Nutrition & Metabolic Care, v. 22, n. 2, p. 103-10, mar. 2019.
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