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Papel do óleo de peixe na modulação do câncer gastrointestinal


Entre os dez tipos de cânceres que encabeçam a lista de mortes causadas por neoplasias, cinco deles são do trato gastrointestinal e incluem os cânceres esofageais, gástricos, colorretais, hepatobiliares e pancreáticos.

Trabalhos na literatura têm relatado que a suplementação com ácidos graxos do tipo ômega-3, principalmente, com DHA, tem tido resultados relevantes na redução da progressão tumoral, no fortalecimento do sistema imune e na melhora da qualidade de vida do paciente. O suporte nutricional com suplementos à base de óleo de peixe, também, tem mostrado desfechos interessantes no pré e pós-operatório de procedimentos gastrointestinais, em pacientes submetidos à quimioterapia, além de contribuir para a recuperação nutricional na caquexia.

O ômega-3 exerce papel imunomodulador, ou seja, é capaz de atuar em indivíduos em elevado estresse metabólico (seja pela própria doença ou por procedimentos médicos), modulando as respostas imunológicas e metabólicas. Quando incorporado na dieta de pacientes oncológicos, os nutrientes imunomoduladores podem reduzir a incidência de complicações cirúrgicas e o surgimento de infecções, bem como diminuir o tempo de permanência hospitalar. Os ácidos graxos ômega-3, fontes de EPA e DHA, podem reduzir os níveis de inflamação sistêmica, além de suprimir o crescimento tumoral pelo estimulo à apoptose celular.

Em revisão sistemática de Yu et al. (2017), os autores avaliaram os efeitos da suplementação com ômega-3, em comparação a dieta isocalóricas, no desfecho pós-cirúrgico de pacientes com câncer gastrointestinal. Os resultados mostraram que o óleo de peixe melhorou o status nutricional e a função imune de pacientes com câncer gastrointestinal, reduzindo a resposta inflamatória. Resultados semelhantes foram observados no estudo de revisão de Carmo e Fortes (2019), no qual foram avaliados os efeitos da suplementação com fórmula imunomoduladora (que incluía L-arginina, glutamina, ácidos graxos ômega-3 e nucleotídeos) em pacientes cirúrgicos de câncer gastrointestinal.

Quanto à prevenção da desnutrição e da caquexia, evidências na literatura mostram que a suplementação com ômega-3 também pode beneficiar pacientes oncológicos gastrointestinais, já que a perda de peso é uma característica desse tipo de câncer. Em estudo randomizado de Feijó et al. (2019), o status nutricional de pacientes gastrointestinais melhorou após terem sido suplementados com óleo de peixe. Além de terem ganhado peso, foi verificada, também, uma melhora no ganho de massa magra e redução na síntese de citocinas pró-inflamatórias (IL-6).

Portanto, diversas evidências na literatura apontam para a suplementação com ômega-3 na melhora do status nutricional de pacientes com neoplasias gastrointestinais em razão de seu potencial imunomodulador e anti-inflamatório.

Referências

CARMO, S.G.; Fortes R.C. Efeitos do uso de fórmulas imunomoduladoras em pacientes cirúrgicos portadores de câncer do trato gastrointestinal. Rev. Cient. Sena Aires, v. 8, n. 1, p. 87-102, 2019.

FEIJÓ, P.M. et al. Effects of ω-3 supplementation on the nutritional status, immune, and inflammatory profiles of gastric cancer patients: A randomized controlled trial. Nutrition, v. 61, p. 125-31, maio 2019.

PARK, J.M. et al. Omega-3 polyunsaturated Fatty acids as potential chemopreventive agent for gastrointestinal cancer. Journal of Cancer Prevention, v. 18, n. 3, set. 2013.

SHIRAI, Y. et al. Fish oil-enriched nutrition combined with systemic chemotherapy for gastrointestinal cancer patients with cancer cachexia. Scientific Reports, v. 7, n. 1, jul. 2017.

YU, J. et al. Effects of omega-3 fatty acids on patients undergoing surgery for gastrointestinal malignancy: a

systematic review and meta-analysis. BMC Cancer, v. 17, n. 1, abr. 2017.

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