No Brasil, cerca de 12,5 milhões de pessoas apresentam diagnóstico de diabetes, correspondendo a 9% da população. Esse cenário coloca o país em quarto lugar entre os dez países com maior número de diabéticos. Mais especificamente o diabetes tipo 2, sendo possível caracterizá-lo como um distúrbio metabólico e complexo, que tem como principais fatores de risco o estilo de vida inadequado, que inclui a alimentação desequilibrada.
Compreende-se, desse modo, que a mudança de estilo de vida é a recomendação mais adequada no manejo e tratamento da doença, o que inclui a adequação de hábitos alimentares, a prática regular de exercícios e a escolha de suplementos à base de nutrientes que melhorem as condições clínicas da doença para complementar a dieta. A eficácia da suplementação de ácido graxo ômega-3 como coadjuvante do tratamento do diabetes ou para regularizar as concentrações de glicose em pessoas com resistência à insulina já é elucidada na ciência, sobretudo, em metanálises mais recentes.
A mais abrangente e contemporânea metanálise de ensaios clínicos randomizados (O'MAHONEY, 2018) explorou a suplementação de PUFA com ômega-3 e os efeitos hipolipidêmicos por meio de uma redução nos níveis de citocinas pró-inflamatórias e melhora na glicemia. Em torno de 45 ensaios clínicos randomizados sugerem que a complementação dietética com ácidos graxos ômega-3 modificava os biomarcadores cardiometabólicos no diabetes tipo 2, incluindo perfis lipídicos, parâmetros inflamatórios, pressão arterial e índices de controle glicêmico.
Lepretti et al. (2018), por sua vez, investigaram os efeitos do ômega-3 como moduladores do metabolismo celular e seu papel na minimização da resistência à insulina nos tecidos periféricos. Os estudos levantados na revisão mostraram que os ácidos graxos poli-insaturados (PUFA) em concentrações adequadas têm sido sugeridos para neutralizar os níveis de insulina, aumentando a captação tecidual de glicose e para regular a bioenergética mitocondrial.
Referências
LEPRETTI, M. et al. Omega-3 Fatty Acids and Insulin Resistance: Focus on the Regulation of Mitochondria and Endoplasmic Reticulum Stress. Nutrients, v. 10, n. 350, p. 1-20, 2018.
AZADBAKHT, L. et al. Omega-3 fatty acids, insulin resistance and type 2 diabetes. J Res Med Sci., v. 16, n. 10, p. 1259-1260, oct.2011.
BRASIL. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. Epidemiologia e prevenção do diabetes mellitus. Disponível em: < https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/diabetes-tipo-2/001-Diretrizes-SBD-Epidemiologia-pg1.pdf>. Acesso em: 24 out. 2019.
O´MAHONEY, L. et al. Omega-3 polyunsaturated fatty acids favourably modulate cardiometabolic biomarkers in type 2 diabetes: a meta-analysis and meta-regression of randomized controlled trials. Cardiovasc Diabetol., v. 17, n. 98, 2018.
TENENBAUM, A.; FISMAN, E. Omega-3 polyunsaturated fatty acids supplementation in patients with diabetes and cardiovascular disease risk: does dose really matter? Cardiovasc Diabetol., v. 17, n. 119, p. 1-3, 2018.
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