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A suplementação com ômega-3 como coadjuvante no tratamento do ADHD infantil


O transtorno do deficit de atenção com hiperatividade (ADHD, em inglês) é uma desordem psicológica que acomete, sobretudo, crianças, afetando seu desenvolvimento funcional e cognitivo, diminuindo a atenção e prejudicando o aprendizado infantil.

Tratamentos não farmacológicos têm surgido à medida que a hipótese da deficiência de ômega-3 e 6 foi levantada em crianças que sofrem de ADHD. Especula-se que os ácidos graxos poli-insaturados tenham a capacidade de melhorar habilidades relacionadas ao aprendizado e aumentar a atenção. Além disso, a literatura ressalta que o caráter anti-inflamatório do óleo de peixe parece influenciar positivamente essa condição, cujas vias estão ligadas a mecanismos bioquímicos pró-inflamatórios, bem como a outras patologias cerebrais.

Tanto o EPA quanto o DHA exercem efeito anti-inflamatório pela inibição dos radicais livres e minimização do estresse oxidativo; participam, também, da regulação da síntese de neurotransmissores e na modulação da função imune mediante a sinalização celular. Estudos epidemiológicos apontam que crianças cujas mães ingeriram uma baixa concentração de peixes e frutos do mar, durante a gestação, apresentam maior risco para o desenvolvimento abaixo do normal em relação a certos aspectos como habilidades sociais, coordenação motora e comunicação verbal. A literatura observa, ainda, que crianças com ADHD tendem a apresentar síndromes caracterizadas por concentrações insuficientes de ácidos graxos, o que resulta em sintomas como pele seca e escamosa, eczema e olhos secos.

Em estudo de Chang et al. (2019), os autores analisaram o papel da suplementação com ômega-3 na melhora de sintomas clínicos em jovens com ADHD. Indivíduos com transtorno do deficit de atenção e hiperatividade (n=105) foram suplementados com ômega-3 ou placebo ao longo de doze semanas. Quando analisados, especificamente, 29 indivíduos predominantemente desatentos, aqueles que receberam a suplementação com óleo de peixe tiveram uma melhora significativa da desatenção em relação ao grupo placebo. Bos et al. (2015) avaliaram os efeitos da suplementação com ômega-3 na melhora dos sintomas do ADHD e no controle cognitivo de indivíduos com e sem o transtorno. Após receberem 650mg de EPA/DHA ou placebo, durante 16 semanas, os resultados mostraram que o óleo de peixe ajudou a reduzir sintomas típicos do ADHD, podendo potencializar os efeitos farmacológicos do tratamento específico para esse transtorno.

Portanto, a suplementação com ômega-3, em casos específicos como o ADHD, pode contribuir para melhorar o desenvolvimento cognitivo e a atenção em crianças e adolescentes, embora sua prescrição deva ser analisada de forma individual e considerando o grau de transtorno apresentado pelo indivíduo.

Referências

AGOSTONI, C. et al. The role of omega-3 fatty acids in developmental psychopathology: a systematic review on early psychosis, autism, and ADHD. Int. J. Mol. Sci., v. 18, n. 12, 2018.

BOS, D.J. et al. Reduced symptoms of inattention after dietary omega-3 fatty acid supplementation in boys with and without attention deficit/hyperactivity disorder. Neuropsychopharmacology, v. 40, p. 2298–306, 2015.

CHANG, J.P.C. et al. Omega-3 polyunsaturated fatty acids in youths with attention deficit hyperactivity disorder: a systematic review and meta-analysis of clinical trials and biological studies. Neuropsychopharmacology, v. 43, n. 3, 2018.

CHANG, J. et al. Abstract# 3130 Omega-3 fatty acids improve attention in youth with attention deficit hyperactivity disorder. Brain, Behavior, and Immunity, v. 76, p. e25, fev. 2019.

COOPER, R.E. et al. Omega-3 polyunsaturated fatty acid supplementation and cognition: a systematic review and meta-analysis. Journal of Psychopharmacology, v. 29 n. 7, p. 753-63, 2015.

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