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Como avaliar e prescrever o melhor ômega-3 para seu paciente?


A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que doenças do coração são a principal causa de morte no mundo. Embora considerados um importante problema de saúde pública, estes desfechos, em sua maioria, poderiam ser evitados a partir de mudanças de hábitos de risco, como uso de tabaco, obesidade, sedentarismo e dietas não saudáveis.

Além da mudança comportamental, alguns estudos apontam para a suplementação da dieta com alimentos funcionais que ajudam a melhorar a saúde e prevenir não apenas doenças cardiovasculares (DCVs), mas também outros tipos de patologias crônicas, como câncer, diabetes e quadros inflamatórios. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os alimentos ditos funcionais são aqueles que contêm ingredientes que proporcionam benefícios ao organismo, bem como são nutritivos. Considerado um alimento funcional, estudos têm apontado para os benefícios do ômega-3 na prevenção e proteção contra diversas doenças.

O ômega-3 é um ácido graxo dito poli-insaturado, visto que sua estrutura molecular é composta de carbonos, e estes estão ligados entre si por uma dupla ligação química. Essa conformação molecular o permite atuar diretamente nas células e nos tecidos do organismo, modificando sua constituição, interferindo no metabolismo lipídico e reduzindo os efeitos deletérios do estresse oxidativo. O consumo de ômega-3 proveniente de fontes animais fornece os ácidos graxos EPA e DHA, associados ao aumento na proteção cardiovascular. Além de prevenir doenças, sabe-se que ele é o principal constituinte da reserva energética de crianças e recém-nascidos, sendo essencial para o desenvolvimento visual e neural do bebê.

A qualidade do ômega-3, bem como a concentração dos suplementos à base de óleo de peixe, é fator determinante na recomendação ao paciente. Por exemplo, em estudo de Silveira e Moreira (2017), os autores observaram que, entre dez marcas de suplementos avaliadas, não houve conformidade na recomendação diária de cápsulas (que variou entre uma e três/dia), sendo que apenas duas marcas colocavam, no rótulo, a observação do consumo a partir de orientação médica e/ou nutricional.

A Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) (2017) observa que, apesar da correlação positiva entre o aumento dos níveis séricos de EPA e DHA e a redução de eventos cardiovasculares, estudos clínicos randomizados recentes não comprovaram os benefícios da suplementação de EPA e DHA em episódios graves, como infarto agudo do miocárdio, AVC e morte em decorrência de DCV. No entanto, como tratamento coadjuvante da hipertrigliceridemia, a suplementação com 2g a 4g de ômega-3 (EPA e DHA) foi capaz de reduzir os triglicérides em até 25% a 30%. Outros estudos demonstraram que a suplementação com ômega-3 pode elevar, sutilmente, a concentração plasmática de HDL-c e de LDL-c, reduzindo os receptores de LDL-c.

Em vista do panorama atual da morbimortalidade por doenças cardiovasculares, cabe ao nutricionista considerar a necessidade da suplementação, de acordo com o quadro do paciente e sua condição nutricional, a fim de prevenir tais eventos. Ademais, é essencial que o profissional fique atento às recomendações de suplementação atualizadas por órgãos oficiais, bem como indique suplementos cujas marcas ofereçam produtos com matérias-primas de qualidade e rotulagem adequada.

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Referências

FALUDI, A.A. et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017. Arq Bras Cardiol, v. 109, supl. 1, p. 1-76, jul. 2017.

OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde. Doenças cadiovasculares: principais fatos. 2017. [Internet].Disponível em:

SILVEIRA, D.C.S.R. e MOREIRA, E.E. Efeitos da utilização do ômega-3 no processo de envelhecimento: uma revisão. Revista Científica FacMais, v. 8, n. 1, 2017.

VAZ, D.S.S. et al. A importância do ômega 3 para a saúde humana: um estudo de revisão. Revista UNINGÁ Review, v. 20, n. 2, p. 48-54, out. 2014.

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